
- Vá traquinas… agora vão dormir sossegadas!
As tuas mãos calejadas do frio e do trabalho aconchegam os cobertores …
- Traquina … não te encoste muito à beira da cama! Olha que cais…
E puxas-me mais para o meio da cama e certificas-te que estamos as três bem aconchegadas… apagas a luz…
- Boa noite! E durmam bem.
E três vozes de 5 e 6 anos respondem… boa noite avô.
Vinte anos passaram… as tuas memórias perderam-se, as tuas mãos já não estão calejadas, já não me chamas de traquina e já não me aconchegas na cama!
Já não te lembras deste e outros momentos, já não te lembras das palavras, já não te lembras dos movimentos!
Agora a traquina ou melhor “o traquino“ és tu… és tu que és aconchegado!
Obrigado pelos teus aconchegos… só espero que os meus te saibam tão bem como teus me souberam um dia!
Não sei se te lembras de mim… às vezes o teu olhar diz-me que sim… outras vezes diz-me que não… mas meu querido, até a minha memória me permitir… eu não me vou esquecer dos teus aconchegos!
Dedicado ao meu querido “ traquino”!